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Wednesday, July 04, 2007Se fosse o Sarkozy caiam-lhe em cimaAcabo de ver Durão Barroso, de cabelo crescido e revolto, a discursar com uma mão no bolso e o corpo a gingar de um lado para o outro como se estivesse num navio fustigado pelas ondas. «Lisbon is coming home», disse ele. Pareceu-me sóbrio. Os tugas (23)- Olha lá, João, um dia destes ensinas-me a mexer na internet. Está bem? - Está bem, avô. É fácil... - Pode-se combinar, lá na internet? - Combinar o quê, avô? - A... queria saber se podemos combinar um almoço com alguém. - Podemos, sim. Eu ensino-lhe. - E pode-se falar com as pessoas? - Também. Passam uns minutos. O avô insiste, desta vez baixando um pouco o tom da voz: - Olha lá, João. E pode-se namorar lá na internet? - Claro que sim. Não me diga que o avô gostava de arranjar uma namorada. Olhe se a avó sabe... E logo o velho, olhando em volta, visivelmente embaraçado: - Não, não, era só para saber. Deixa estar: isso são modernices de mais para mim. Eu já nasci no outro século! Tuesday, July 03, 2007Monday, July 02, 2007"As pessoas não são livres"...se não tiverem dinheiro, se não tiverem estatuto social, se não tiverem o que os outros têm, se não tiverem uma reforma garantida pelo Estado, se não tiverem saúde estatal, se não tiverem educação estatal, se não tiverem informação controlada pelo Estado, se não tiverem protecção, se não tiverem quem abuse dos outros em seu nome, se não tiverem quem tome conta delas.
...se estiverem presas à tradição, presas a compromissos, presas à família, presas ao convívio social, presas ao trabalho, presas ao seu corpo, presas à sua mente, presas à sorte e ao azar, presas à responsabilidade individual, presas a uma quantidade infindável de escolhas livres. Socialismo: decretando que as pessoas não são livres por dá-cá-aquela-palha. Em nome da Liberdade. Não espero que me entendas, A InvejaMesmo os grandes catalogadores de vícios, que amam a preguiça, a luxúria, a gula, com orgulho, fúria e ambição, nunca se gabam da inveja, o pecado verdadeiramente inconfessável. Mesquinho, sinistro, espreitando nas alcovas, nas noites brancas, na solidão povoada de despeitos, no inuendo, na schadenfreude de todos os dias, obsessivo, disfarçado, reprimido, sempre presente, o pecado da inveja tem grande literatura, move montanhas, explica imensas coisas. É pena que para um tão importante e comum pecado, o livro de Epstein, da série oxfordeana dos pecados mortais, esteja longe de ser o melhor, é frouxo, e não deixa marca. No entanto, serve como introdução e remete para alguns clássicos da matéria.
Entre eles está o velho Esopo, que disse tudo o que há a dizer sobre os costumes, fazendo-nos apenas acrescentar paráfrases às suas fábulas, e o clássico de Max Scheler, na sequência de Nietzsche, sobre o "ressentimento". O papel da inveja em democracia, o seu papel crucial na relação entre o indivíduo e as instituições políticas, mostra o carácter quase essencial do desprezo pelos políticos (tanto maior quanto os políticos estão próximos do "povo", como acontece com os parlamentares) como habitus democrático. A análise do modo como a inveja cresce ou estiola em diferentes meios, em diferentes culturas, mostra o carácter complexo do pecado, muito para além do mito de Abel e Caim. Aqui quase que se pode falar de culturas no sentido laboratorial, com relevo para os meios onde a inveja é não só endémica como uma intensa forma de vida: os meios literários, a academia, a intelectualidade, etc. O autor não refere a blogosfera, mas qualquer estudo futuro da inveja como cultura encontrará os pratos petri dos blogues cheios de pujantes formas de vida microbiana assumindo todo o espectro da inveja: os ciúmes, a schadenfreude, o ressentimento, a malevolência, a inveja socializada, o desejo de fazer mal ao Outro, etc., etc. Este é um dos meios em que nenhuma dúvida subsiste sobre sobre qual é o pecado mortal mais bem representado. Como escreve Epstein: "whatever else it is, Envy is above all a great waste of mental energy". Encontros com LisboaGosto de sair da escola para "distâncias a pé". Passo a passo na calçada, aproveito para olhar a cidade, as casas, viajar na história escondida nas velhas cantarias, portas e fachadas. Sob o azul brilhante do céu, embalo-me com o movimento das pessoas e do trânsito animado, em circunstancial mas sincera cumplicidade.
Um dia espero voltar para a minha terra. Mas pergunto-me se então sentirei Lisboa assim com este mesmo olhar saudoso de... “exilado”? , Imagem daqui Am I blue?Segundo o Observatório Astronómico da Universidade de Lisboa trata-se de uma probabilidade estatística rara (acontece de três em três anos), que só resulta de o ciclo lunar ter 29 dias. Nem a lua fica azul, nem a explicação para o nome é interessante. E, no entanto... A frase"Portugal está a transformar-se numa espécie de versão de 'O Fantasma da Ópera'. Parece um sítio politicamente correcto policiado por fantasmas que, em vez de usarem cacetes, utilizam a coacção psicológica como forma de tutela". Fernando Sobral, Jornal de Negócios A cambalhOTAA propósito da licenciatura de Sócrates correu muita tinta, tanta que até houve quem se apressasse a vaticinar uma queda do Governo, caso essa bola de neve continuasse a rolar. Mas os portugueses são muito complacentes em relação a certos pecadilhos e quando, na sequência desse episódio, se fizeram as primeiras sondagens, verificou-se que a sua popularidade não tinha sido afectada. Afinal, a existirem algumas inverdades quanto ao seu currículo, era lá com ele... Já o mesmo tipo de raciocínio (tão português), não se aplicou, não se podia aplicar, à Ota. Algumas inverdades – como a de o Governo não ter conhecimento de mais estudos sobre alternativas à Ota – pelos vistos, não caíram nada bem. De Maio para Junho, de acordo com o barómetro DN/TSF, a popularidade de Sócrates caiu 16 pontos e a do seu governo, 7. Desta vez ele não teve perdão. Saturday, June 30, 2007Ciclo de Jovens PianistasEm traje informal, no dia 5 de Julho, vai haver piano na Casa Fernando Pessoa: Scarlatti, Luís de Freitas Branco, Bach, Beethoven e Gershwin. Ao piano, Diogo Antão, no Ciclo de Jovens Pianistas. Livre, a entrada.
Saudades do MECA notícia da patética exoneração da directora do centro de saúde por causa do cartaz contra o ministro Correia de Campos tem-me trazido à memória uma crónica antiga de Miguel Esteves Cardoso, em que um taxista concluia um discurso contra os políticos com a frase lapidar: "Isto devia ser como na Holanda, que os matam logo à nascença!".
E mais não comento, porque sou utente do Serviço Nacional de Saúde e com a saudinha não se brinca. Por acaso, também sou utente do país e, reparo agora, com "eles" também não se brinca. Thursday, June 28, 2007Momento Intimista do DiaUm dia, num meio dia qualquer, vou saber que me esqueci de algo. Primeiro, de um lugar sem importância. Depois, de uma hora, de uma vontade e até de uma fotografia, que fica para sempre num bolso sem valor. Até chegar aos nomes e às palavras que escolhi para me lembrar de quem gosto. Sei que não vou somar tantas falhas, esquecendo-me eventualmente de todas elas, uma e outra vez. Porque sim, que ainda há coisas que escondemos de nós próprios. Para me descansar, passarei em revista os rios e os reis de Portugal, sem esquecer regentes e afluentes. Mas até esses falharão, sempre com razão. O calor, a indisposição, o cansaço, o tempo, os nervos. Escondo de mim próprio e sei que outros farão o mesmo, para que eu não saiba não saber. Quando forem falhas demais, quando as palavras forem demais, já não sei nem estou. Já trocarei o tempo e o lugar, suspenso numa teia com outras presas surpresas que só temem o novelo que lhes enrola o corpo e desconhecem a ameaça da aranha.
Os tugas (22)Estação fluvial do Cais do Sodré. Grande fila de gente para comprar bilhete para Cacilhas. A máquina automática, ali ao lado, encontra-se “fora de serviço”. Aguardo enquanto o funcionário do único guichê disponível, de cigarro na boca, vai fazendo trocos com uma lentidão exasperante. Chegada a minha vez, percebo porquê: - Quando custa o bilhete? - Setenta e quatro cêntimos. - Setenta e quatro cêntimos? Não se arranjava um número mais redondo? - Isso não é comigo... Indago se vendem bilhetes de ida e volta. O indivíduo olha-me como se lhe tivesse perguntado o paradeiro da Rainha de Sabá. Pelos vistos, ninguém na Transtejo terá pensado alguma vez nestes assuntos tão irrelevantes para facilitar o escoamento de passageiros. Empresa nacionalizada, “nossa”, é mesmo assim... Chegado a Cacilhas, nova fila. Desta vez junto à paragem de táxis. Dez minutos depois, tudo na mesma: nem um para amostra. Reparo nas pessoas que me antecedem: têm aquela mansidão resignada a que jamais me conseguirei habituar nos portugueses. Ao meu lado direito, uma mulher cospe convictamente as unhas que vai roendo com indescritível minúcia. Há também alguns turistas: talvez achem tudo isto very typical. - Porque não haverá táxis? - Ah, é quase hora de almoço. Costumam ir todos comer ao mesmo tempo – elucida-me um sujeito de barba por fazer e pálpebras semicerradas, como se tivesse toda a paciência do mundo. Continuamos todos à espera. Uns de olhos fitos no rio, outros mirando o infinito, pensando sei lá o quê. Do lado de lá do Tejo: Lisboa tão perto mas já tão longe. Um outro país dentro do País. Leituras de VerãoEm pleno período de férias até me roía a consciência se não divulgasse, em tempo útil, uma informação que, quem sabe, até pode ter algum fundamento. Recebi-a há poucos dias, por email. Ora leiam: “Cientistas descobriram que livros de aventura, sexo e acção levam o corpo a produzir mais adrenalina, substância que reduz o apetite e queima calorias. A pesquisa, encomendada pela cadeia de livrarias britânica Borders, comparou as calorias que se despendem ao ler diferentes tipos de livros. O resultado foi uma lista das obras que mais ajudam a emagrecer. O topo da lista é ocupado pelo thriller Polo, da escritora britânica Jilly Cooper. A leitura completa das quase 800 páginas de sexo e escândalos gasta o equivalente a 1,1 mil calorias”. E mais não digo, porque não estou para fazer publicidade gratuita a obras de qualidade duvidosa. Enfim, mas pelo sim, pelo não, tomem em conta esta informação quando escolherem os livros que vão levar para férias! Tomar duche de roupãoImperdível, a entrevista de Fernando Negrão à revista Sábado. Quando os jornalistas Jaime Martins Alberto e Maria Henrique Espada lhe perguntam se "quando acorda a primeira coisa que faz é ver-se ao espelho", o candidato do PSD à Câmara de Lisboa responde sem hesitar: "Não, primeiro visto um roupão e tomo duche." Negrão é mesmo caso único. Não conheço mais ninguém que tome duche de roupão... Tapete voadorEu sei que se procura muita coisa… Infelizmente, até pessoas. Mas desconhecia que se procurassem tapeçarias. Um anúncio colocado na página 23 do jornal Público, misturado entre notícias do Mundo, ditava o seguinte há uns dias: Grande Tapeçaria de Portalegre Desaparecida Autor – Figueiredo Sobral, 1970 Procura-se Tapeçaria portuguesa da autoria de Figueiredo Sobral com dimensões de 7 metros de comprimento por 2 metros de altura. Agradecem-se informações conducentes à sua localização para o nº 1/2623 deste jornal. Meninas e moças- Boa tarde, é possível falar com X? - Ele não está, isto é o escritório. - Tem então outro telefone que me possa facultar? - Não. Eu sou a moça das limpezas. Só se ligar amanhã e falar com a moça do escritório. - Obrigada, ligo então amanhã. Tuesday, June 26, 2007Altamente RecomendávelEstava toda a gente mortinha por que saísse!!! Viram logo! É lindo, claro! Um disparate pegado, dos bons!!! Atenção à cena da morte do sapo, talvez a melhor do filme, que põe quase as crianças a chorar e os pais a rir!!!! Não muito aconselhável a pessoas muito sensíveis!... Ai a mosca!... Tertúlia Literária (104)- Ando a ler a Apologia de Sócrates. Sabes quem escreveu? Ora bem... Acho que precisamos aqui de desanuviar um bocadinho. E os Scissor Sisters servem muito bem. «I Don't Feel Like Dancing». Hell! Why not?
Conversas de café (2)- Sabes quem é que anda agora com o Miguel?
- Não, quem é? - A Madalena. - A sério? Mas isso nem parece dele! - O quê? - Andar com mulheres mais velhas. - Mas eles têm a mesma idade. - Pois têm! O que faz da Madalena uma mulher pelo menos cinco anos mais velha que ele! - Pois, a partir de certa idade é como se fosse assim... - É injusto! - Estupores! - Idiotas! Monday, June 25, 2007O destino dos chico espertosPode até dar-se ao luxo de brincar ao dono do mundo, na cara das pessoas. Já não precisa sequer de disfarçar. Nada pode quebrar o estado de graça. Pouco tempo depois desse dia, o chico esperto acordará com a triste notícia de que o mundo lhe descobriu a espertice e perceberá que ter acreditado, um dia, que era seu o destino, apenas lhe trouxe afinal o mau destino dos chicos espertos. Conversas de café-A direita é mais cínica. - A esquerda é mais hipócrita. - Bah! Bem vistas as coisas, hoje em dia já não faz sentido falar de esquerda e de direita... -Lá isso é verdade! - Enfim, mas na hora de votar lá acabamos por escolher entre uns e outros... - Costumas votar em quê? - Voto cada vez com menos convicção. - Sim, mas em que partido? - Depende. - Ah! Apanhei-te! Essa é a resposta típica de quem vota no centrão! - Pois... se não podes nada contra eles, junta-te a eles... - És um céptico! A frase assassina do dia«Sérgio Sousa Pinto é um jovem muito velho na política portuguesa». Paulo Gorjão, no Bloguítica.
O Casamento do SolDizem que em certo tempo desejou o Sol de se casar, e todas as gentes, agravadas disso, se foram queixar a Júpiter, dizendo: - Que no Estio trabalhosamente sofriam um Sol, que com seus raios os abrasava, donde inferiam e provavam, que se o Sol casasse e viesse a ter filhos, queimaria o mundo todo; porque um Sol faria Verão calmoso na Índia, outro em Grécia, outro na Noruega e terras setentrionais; pelo que sendo todas as três zonas tórridas, não teriam as gentes onde viver. Visto isto por Júpiter, mandou que não casasse. (Esopo, Fábulas, vertidas do grego por Manuel Mendes) |